sexta-feira, 26 de março de 2010

E o que Nietzsche tem com isso?

Ontem, fui surpreendida por uma amiga na rampa do metrô do Maracanã, dizendo que o prédio da Universidade estava sendo evacuado e que ninguém poderia entrar. Pena que ela não me encontrou antes de eu passar pela roleta da estação. Seria menos um ticket gasto à toa. Mas já que eu já estava fora, entrei no campus para tentar encontrar meu marido, que estava em algum lugar lá dentro. Aproximei-me da portaria do prédio, mas os seguranças não deixavam ninguém passar. Disseram: ninguém entra, só sai. Não consegui falar com o celular do meu marido, então aguardei por ali mesmo.
Não parava de chegar alunos para a maratona de aulas e o tumulto só crescia. A concha acústica voltou a ser um ponto agitado de encontro e de bate-papo entre os estudantes da UERJ e de escolas próximas. A chopada que estava organizada para aquele dia, iniciou a venda de skol para os mais animados. Alguns, mais irritados, foram embora, imediatamente. Eu só estava preocupada em encontrar meu marido e em confirmar se eu deveria voltar no dia seguinte para uma aula às 7 da manhã (os seguranças afirmaram que sim).
Não demorou muito, meu marido saiu e acabamos por nos juntar aos animados que permaneciam na concha acústica. Não por estarmos igualmente animados, mas pelo receio de enfrentar um metrô lotado. Como o céu ainda estava claro, ficamos por ali por um tempo. Percebemos que a falta de energia elétrica se concentrava apenas dentro do campus, enquanto as lâmpadas da rua eram ligadas.
Meu marido pegou o telefone da segurança para que eu pudesse ligar bem cedo hoje e ser informada sobre o reestabelecimento da energia elétrica no campus. Hoje, como de costume, o despertador tocou às 5 horas da madrugada, rs. Tensa pela possibilidade de acordar tão cedo por nada, iniciei um processo lento para levantar da cama. Quando já estava pronta para sair, liguei para o número de telefone que meu esposo conseguiu com a segurança. Às 6:30 h, ainda não havia energia elétrica no campus, mas os seguranças não sabiam afirmar se haveria aula às 7h. Apenas informou que o prédio estava liberado para entrada. Obviamente, eu não arrisquei. Primeiramente, porque não acreditei que a falta de energia que durou horas retornaria justamente naqueles 30 minutos para o início das aulas. Segundo, porque eu duvidei que algum ser normal fosse subir tantos lances de escada por uma aula ou outra.
 O sentimento de culpa me pegou. Mas fui esquecendo quando pude conduzir meu filho à escola e participar do culto matinal da igreja onde congrego. O saldo: dois dias sem aulas, preocupação com o programa das aulas, desconfiança em relação a essa súbita falta de energia elétrica, um dia em casa, uma discussão com meu marido sobre Nietzsche. Pensando nos binômios Apolo/Dionísio, Comédia/Drama, UERJ Com/Sem Luz como reduções medíocres da realidade, questiono o que há para além dessas fronteiras discursivas. Quais as lacunas, contingências e contradições silenciadas? Sei lá, apenas interrogo.

2 comentários:

  1. rs...adorei o final. Tenho orgulho de vc menina. Vai longe...com essa fé então...nem sei qual seu limite! Beijos saudosos. Débora (uerj)

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